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    A informação e o ‘show-off’ ao vivo na CNN. Vale tudo?

    Na última quarta-feira, 9 de outubro, o renomado jornalista Anderson Cooper, da CNN, foi atingido por destroços ao vivo enquanto cobria o furacão Milton, um evento climático de grande proporção que varreu parte da costa americana. A cena, que rapidamente viralizou nas redes sociais, levanta uma questão que há algum tempo permeia o jornalismo: até que ponto é justificável expor um profissional a riscos tão altos em nome da audiência?

    Mais do que isso: o que realmente configura jornalismo, e o que se torna alarmismo ou, ainda pior, uma forma de “show-off” disfarçada de cobertura ao vivo?

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    Cobrir desastres – inclusive os naturais – sempre foi parte do trabalho jornalístico, mas nos encontramos em uma era onde o sensacionalismo parece ter tomado as rédeas de muitos veículos – sendo a CNN e o seu “Breaking News” um dos evidentes exemplos.

    Ao invés de priorizar a análise e, claro, a segurança, o foco se desloca para imagens chocantes e momentos dramáticos, como o de Cooper, que foi atingido por destroços enquanto tentava relatar o impacto do furacão. Fica a pergunta: isso realmente agrega à narrativa ou serve apenas para impulsionar audiência – e, por consequência, cliques e engajamento?

    Cooper na CNN: informação ou reality show?

    A questão, é claro, vai além de Cooper e do furacão Milton. Tornou-se comum ver jornalistas colocados em cenários perigosos e imprevisíveis em nome de uma suposta “autenticidade” da notícia. A presença física de um repórter no meio do caos, enquanto ventos fortes levantam detritos e ameaçam sua integridade, realmente traz informações mais precisas para o público? Ou estamos testemunhando uma mistura de jornalismo com entretenimento – precisamente, um reality show – onde o impacto visual se sobrepõe à profundidade da reportagem?

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    É preocupante pensar que muitos desses momentos podem cruzar a linha entre informar e alarmar. Não há dúvida de que reportagens ao vivo de locais afetados por desastres naturais são importantes, mas será que precisam colocar vidas em risco para capturar a atenção do espectador?

    A linha entre jornalismo sério e show-off é tênue, e o caso de Cooper escancara isso. O (verdadeiro) jornalismo deve ser capaz de informar sem recorrer a cenas – grotescas – de perigo extremo.

    Estamos consumindo informações ou apenas sendo atraídos por espetáculos que mascaram o verdadeiro objetivo do jornalismo?

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