O documentário inédito “Dinheiro Sujo: Por Dentro da Economia Nazista”, que detalha o plano econômico que fomentou o nazismo por meio da guerra, chega à TV e ao streaming por meio do canal Curta!. A estreia acontece no canal nesta sexta-feira, 10 de novembro, às 21h – e também CurtaOn – Clube de Documentários, disponível na Claro TV+ e na web.
A Alemanha, sob a liderança de Adolf Hitler, forjou uma guerra essencial para a ideologia nazista, apesar da crise econômica que enfrentava. Utilizando-se de manobras financeiras, o governo alemão estimulou a economia ao fabricar grandes quantidades de armamentos e alcançou o que foi chamado de “milagre econômico” no período de 1935-1936. O documentário inédito “Dinheiro Sujo: Por Dentro da Economia Nazista”, a ser exibido no Curta! em duas partes, oferece uma visão desse período da História, explorando os detalhes dos acontecimentos que moldaram a economia da Alemanha nazista. A produção é da ARTE France e da Gogogo Films, e a direção é de Gil Rabier.
Com imagens de arquivo e entrevistas com historiadores e professores, a primeira parte do documentário mostra que, em 1934, as famílias alemãs enfrentavam dificuldades financeiras com cortes nos salários e gastavam muito para comprar alimentos, bebidas e tabaco. Mesmo assim, a classe trabalhadora estava otimista com as promessas do regime nazista de revitalizar a economia, criar empregos e restaurar a prosperidade. Embora as condições econômicas de alguns tenham melhorado, o documentário explica que o progresso estava vinculado aos esforços de rearmamento e de expansão industrial que desempenharam um papel importante nos eventos que levaram à Segunda Guerra Mundial.
Um dos trechos do episódio aborda a capacidade do regime nazista em unir a população em torno de uma ideia que seria de seu interesse. Como exemplo, cita o desejo incutido na população de possuir um Volkswagen, que significa “carro do povo”. Ao criar este anseio na população, conseguiam mobilizar as pessoas para estimular a economia e promover o desenvolvimento industrial. A ação fazia parte de uma estratégia mais ampla para ampliar e consolidar o poder do regime. Essa transformação se manifestou não apenas na economia e na sociedade, mas também através do entretenimento em massa, por meio de desfiles, festas e simulações de batalhas.
Richard Overy, professor da Universidade de Exeter, relembra que, em 1934, o economista alemão Hjalmar Schacht disse que, “Se vocês desejam rearmar-se, é preciso encontrar um mecanismo especial para fazê-lo”. A solução encontrada, segundo o professor, foi a criação das “notas MEFO”, títulos de crédito emitidos por uma empresa fictícia. Elas foram usadas pelo governo alemão para financiar secretamente o rearmamento militar, algo que havia sido proibido pelo Tratado de Versalhes. Essas notas eram uma manobra financeira, sem valor econômico real, projetada para ocultar a verdadeira finalidade do financiamento: a expansão do exército alemão e a produção de equipamento militar.
Fechando o episódio, o documentário explica que o resultado deste financiamento levou o regime a assumir medidas drásticas, como a busca de matérias-primas no exterior e a emissão de moeda, que, embora funcionassem a curto prazo, se mostraram insustentáveis a longo prazo, criando dilemas econômicos complexos.