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“Um Lugar ao Sol” chegou ao fim na última sexta-feira (25/03). A novela de Licia Manzo com direção artística de Maurício Farias se transformou no maior fracasso da história das chamadas “novelas das nove” em relação aos índices de audiência na TV Globo. A trama, em plena reta final, ficou entre 22 e 24 pontos de média. Uma clara rejeição do público.
Apesar do bom texto, “Um Lugar ao Sol” não apresentou a “pegada” de uma novela das nove. Faltou intensidade. Faltou uma história mais incisiva, principalmente do meio para o final. O último capítulo é o retrato de tal constatação. Ficou linear demais. Faltou capturar com emoção o telespectador.
A seguir, o tradicional balanço final com os pontos positivos e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Juan Paiva (Ravi): o ator se transformou no maior nome do elenco de “Um Lugar ao Sol”. Trabalho brilhante. Ravi conquistou o carinho do público. Verdadeiro mocinho da história.
Andreia Horta (Lara): a atriz também se destacou na novela das nove da TV Globo. Passou doçura à protagonista.
Cauã Reymond (Christian/Renato): o ator superou o desafio de interpretar os personagens mais complexos da história. Simbolizam a desigualdade social em nosso País. A dedicação do ator ficou perceptível no vídeo.
Andrea Beltrão (Rebeca): após anos afastada das telenovelas, a atriz sobressaiu em “Um Lugar ao Sol” ao interpretar Rebeca que vivia os dilemas de uma mulher na casa dos 50 anos, principalmente referente ao envelhecimento.
José de Abreu (Santiago): o veterano ator também é outro destaque da novela das nove. Passou toda a sua experiência ao personagem que ecoava a preocupação social ao mesmo tempo que reverberava o machismo arraigado.
Indira Nascimento (Janice): o melhor momento de “Um Lugar ao Sol” ocorreu durante a passagem de Janice interpretada por Indira Nascimento, que teve o seu conto roubado por Bárbara (Alinne Moraes) e as consequências sucessivas de tal ato. A atriz aproveitou a oportunidade para demonstrar o seu talento.
Ana Beatriz Nogueira (Elenice): o melhor momento da atriz em “Um Lugar ao Sol” ocorreu nos últimos capítulos quando Elenice, acompanhada por seu irmão, foi ao consultório para diagnosticar a doença de Alzheimer. Passou a angústia e o olhar perdido ao se deparar com um exame simples de memorização.
Natalia Lage (Gabriela): após anos afastado das telenovelas, Natalia Lage retornou em alto estilo. A atriz encaixou-se rapidamente em “Um Lugar ao Sol” com a personagem Gabriela, uma médica que trouxe a temática da homossexualidade no horário mais nobre da TV brasileira. Interpretação sem estereótipos.
PONTOS NEGATIVOS
Último capítulo: a grande revelação ficou morna demais. O telespectador viveu, por mais de 100 capítulos, a expectativa de como seria descoberta a verdadeira identidade de Christian e a reação dos personagens. Isso ficou resumido em poucos minutos no último capítulo. Sem grandes arroubos e perplexidade.
Rebeca e Felipe (Gabriel Leone): a autora trabalhou muito mal a “questão” da diferença de idade entre os personagens que caíram no gosto do público. A trama trabalhou a temática como se estivéssemos nos anos 50. Felipe, aliás, não tinha a aparência de lolito. Não era um “menino”, termo corriqueiro para designar o rapaz. Além disso, essa temática, no meu ponto de vista, já está superada na sociedade atual. O mesmo tema já tinha sido levantado por Gloria Perez na novela Explode Coração há quase 30 anos. Para piorar a situação, Rebeca ainda chegou ao fim com um “cinquentão”. O preconceito foi reafirmado.
Mortes de Elenice e Teodoro (Fernando Eiras): em um breve diálogo, o público foi informado que Elenice e Teodoro tinham morrido em virtude das complicações causadas pelo novo Coronavírus. Para que isso, Licia Manzo?
Cecilia (Fernanda Marques): os dilemas da filha de Rebeca, realmente, foram difíceis de serem digeridas. Ela não aceitava que sua mãe tivesse um envolvimento com um amigo de sua idade. Ao mesmo tempo, ela nutria um interesse por Breno (Marco Ricca), homem mais velho. Aliás, a autora também aniquilou qualquer possibilidade de relacionamento mais afetivo com esse casal. Depois, Cecilia ficou revoltada que sua mãe retornou a ficar com o seu pai. Difícil.
Ciclo vicioso: os personagens linguarudos “cagoeatavm” os seus familiares e amigos. “Olha, ele não pode saber disso”. Em instantes, já sabia. Sem melindre algum. E isso se repetiu em diversas oportunidades, o que trouxe um empobrecimento no roteiro da telenovela.
Redentor: após desvios de Tulio (Daniel Dantas) e Renato/Christian, a rede de supermercados enfrentaria uma grave crise financeira. Porém, isso não aconteceu. Como assim? Christian, aliás, passou incólume e não foi condenado por tal conduta.
Lara e Ravi: durante 95% da novela, eles eram bons amigos. Nos últimos capítulos, para forçar o desfecho da história, tornaram-se um casal. Não convenceu.
Fabio Maksymczuk