Olá, internautas
A falta da diversidade era uma das marcas na programação da TV Globo. Havia uma homogeneidade. A busca por um sotaque padrão simbolizava a tendência na rede nacional. Nos últimos cinco anos, a emissora platinada começou a alterar esse quadro com a inclusão de diferentes perfis entre os seus profissionais.
Na última segunda-feira (24/03), “Jorge Quer Ser Repórter”, dirigido por Lula Queiroga e Victor Germano, ganhou espaço na tradicional Tela Quente, faixa que contemplava grandes produções cinematográficas norte-americanas. O telefilme, ambientado em São João do Cariri, na Paraíba, retrata a saga de Jorge Roberto (Guilherme Kauan) para se tornar repórter de televisão ao lado de sua melhor amiga Toinha (Isadora Mendonça).
A dupla encarava o desafio de buscar notícias na pequena cidade do sertão paraibano. O sonho era incentivado por Paulino (Cláudio Ferrario), dono de empresa de eletroeletrônica da região, seus pais Zé Francisco (Márcio de Paula) e Maria Inácia (Isadora Melo), além da professora Dôra (Lívia Falcão). O menino rico Evaldinho (Miguel Venâncio) apareceu como um “mini vilão” redimido.
O elenco totalmente nordestino trouxe para a tela da TV Globo o legítimo sotaque regional, fato que continua longe do ideal em sua programação, especialmente nas novelas ambientadas no Nordeste. O telespectador nordestino consegue, desse modo, se identificar com a história apresentada. Não há ruído.
O longa traz o início do percurso do “mini repórter“ em 2006. Jorge e Toinha simulavam uma câmera de papelão. Depois, Paulino os presenteou com uma câmera quebrada. O smartphone ainda era inacessível. Evaldinho tinha a almejada câmera para gravar, de fato, as reportagens.
Nasci nos anos 80. Eu me identifiquei com o protagonista do telefilme produzido pela Rede Paraíba de Comunicação. Também brincava de repórter na minha infância e simulava até o microfone. Fico “espantado”, até hoje, com o avanço da tecnologia. O meu maior sonho era ter uma câmera. Igual ao menino Jorge. Hoje em dia, os celulares gravam tudo a qualquer hora e em qualquer lugar. Além disso, há disponibilidade total de publicar tais vídeos nas redes. Não há mais necessidade de possuir elo com uma emissora de televisão para realizar o sonho. A revolução tecnológica democratizou a profusão de vozes que eram “esquecidas” pela chamada grande mídia.
O ator mirim Guilherme Kauan transmitiu carisma e talento no vídeo. O roteiro termina em 2025 com o Jorge Roberto já adulto, interpretado pelo repórter Ewerton Correia. Conheço o estado da Paraíba e a região de São João de Cariri. O longa teve a felicidade de apresentar, para todo o Brasil, esse lado do chamado Brasil profundo. “Jorge Quer Ser Repórter” sinaliza um bom caminho na TV Globo.
Fabio Maksymczuk