“Amor Perfeito” chegou ao fim nesta sexta-feira (22/09). A novela das seis da TV Globo, escrita por Duca Rachid e Júlio Fischer, com coautoria de Elísio Lopes Jr.; livremente inspirada no romance Marcelino Pão e Vinho, do escritor espanhol José María Sánchez Silva; com direção de Oscar Francisco, Alexandre Macedo, Lúcio Tavares, Joana Antonaccio e Larissa Fernandes; e direção artística de André Câmara terminou com a missão cumprida.
“Amor Perfeito” ficou dentro da meta nos índices de audiência. Constantemente ao redor dos 20 pontos. A única dentre as três (Fuzuê e Terra e Paixão) que atingiu tal objetivo na atual programação.
A produção entrou no contexto das novas diretrizes do Grupo Globo. Atores negros ganharam amplo espaço dentro do elenco. Praticamente com metade dos personagens em um passado “idealizado”, ao mesmo tempo que a trama abarcou elementos reais da política mineira e brasileira (referências ao governador Valadares, ditadura Vargas e à primeira prefeita do Brasil, Alzira Soriano).
A seguir, um breve balanço com os pontos positivos e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Mariana Ximenes (Gilda) – a vilã sustentou a novela do início ao fim. Mariana Ximenes brilhou ao interpretar a personagem malévola. Ao mesmo tempo que era intensamente má, os autores construíram um lado humano e justificaram a conduta de Gilda. A cena do encontro com Marcelino no penúltimo capítulo resumiu tal aspecto.
Alef Asaf (Marcelino) – excelente desempenho do ator mirim. Ele, de fato, foi o protagonista de “Amor Perfeito”. Trabalho primoroso e encantador. Atuou como se fosse já um veterano. As cenas com seu “amigo Jesus” foram tocantes. Entregou-se visceralmente nesses momentos com ternura e doçura.
Camila Queiroz (Marê) – mais um ótimo trabalho da atriz. Protagonizou com competência a novela das seis. “Amor Perfeito”, desse modo, apresentou um roteiro bem estruturado com os protagonistas bem definidos e os coadjuvantes ao redor do núcleo principal.
Daniel Rangel (Julio) – o ator aproveitou a oportunidade e destacou-se em “Amor Perfeito”. Julio, na realidade, foi o verdadeiro mocinho da história. Sempre ao lado de Marê, seu amor platônico. Lutou pela sua liberdade até o fim.
Bukassa Kabengele (Silvio) – ótimo ator que viveu o promotor Silvio. Figura imponente no vídeo.
PONTOS NEGATIVOS
Desenvolvimento da história de Erico (Carmo Dalla Vecchia): no início da novela, o personagem foi apontado como “invertido”, expressão pejorativa dos anos 30/40 utilizada para marcar os homossexuais. Eis que na reta final, Dr. Érico apaixonou-se, do nada, por Verônica (Ana Cecília Costa) e tiveram até uma filha. Transformou-se em um pai de família. A impressão é que o personagem passou pela “cura gay” ao mesmo tempo que a novela ganhou ares mais cristãos. Mal desenvolvido.
Diogo Almeida (Orlando): a impressão passada é que o ator perdeu fôlego no desenvolvimento da novela. As falas extremamente intercaladas e pausadas entre as frases entoadas nos diálogos tiraram a naturalidade da interpretação. Destoou negativamente no núcleo principal.
Ritmo fugaz da primeira fase: o desenvolvimento fugaz da primeira fase, principalmente na relação de Marê com Orlando, deve ser relembrado. Já comentamos sobre tal aspecto na análise da primeira semana. Posteriormente, nos capítulos intermediários, a trama andou em círculos. A novela ganhou impulso, de fato, na reta final, especialmente nos últimos 60 capítulos. A primeira fase deveria ter ganhado muito mais espaço na concepção da obra.
Fabio Maksymczuk