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Nesta sexta-feira (09/04), “Amor de Mãe” chegou ao seu derradeiro último capítulo. A novela das nove da TV Globo enfrentou a eclosão da pandemia do novo Coronavírus, exatamente no momento em que entrava em seu auge.
A trama de Manuela Dias jamais “bombou” nos índices de audiência. Ficou ao redor dos 33 pontos. Mesmo com os capítulos inéditos da “temporada final”, a novela não atingiu os recordes das reprises de “Fina Estampa” e “A Força do Querer” com seus 38 e 39 pontos, respectivamente.
“Amor de Mãe” tinha uma embalagem de série. A estética impressa pelo diretor artístico e geral de José Luiz Villamarim marcava o enredo essencialmente tradicional da autora. A mãe em busca de seu filho é um dos principais ingredientes do velho folhetim, desde os tempos de “O Direito de Nascer”. Portanto, não é um texto revolucionário, como alguns defendem. “Amor de Mãe” se encaixa mais como um novelão com entraves, desde a primeira fase.
A seguir, o tradicional balanço com os pontos positivos e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Regina Casé (Lurdes): “Amor de Mãe” sempre será lembrada como a novela de Dona Lurdes. Personagem mais bem trabalhada de toda a obra com a excelente interpretação de Regina Casé. A telespectadora, em diversos momentos, se viu refletida na heroína. O público aguardou cerca de um ano para ouvir: Danilo é Domênico!
Adriana Esteves (Thelma): a atriz superou o desafio de incorporar uma mãe intensa que ultrapassou todos os limites éticos e morais para sustentar a relação com o seu filho Danilo (Chay Suede). Brilhante.
Chay Suede (Danilo/Domênico): o ator se destacou ao interpretar o filho criado em uma redoma por Thelma. A cena de Danilo no leito da morte de sua mãe, levada ao ar neste último capítulo, coroou o seu ótimo momento.
Irandhir Santos (Álvaro): o ator transmitiu toda a sua versatilidade ao encarnar o vilão-mor de “Amor de Mãe”. Ótimo trabalho.
Humberto Carrão (Sandro): o ator se destacou no elenco de “Amor de Mãe”. Soube transmutar as fases de “marginal” à herdeiro da fortuna de Raul (Murilo Benicio), seu pai milionário.
PONTOS NEGATIVOS
Ritmo da primeira fase: já na primeira fase, “Amor de Mãe” enfrentava seus percalços. Capítulos com o ritmo extremamente cadenciado. Esticados. Sem ação alguma. Diálogos que rodeavam e chegavam a lugar algum. De repente, Thelma (Adriana Esteves) se transformou em uma verdadeira vilã. O público nutria carinho pela mãe de Danilo, já que, a qualquer momento, morreria por conta de seu aneurisma. Tinha até uma lista de últimos desejos.
Temporada final: a vilania sufocou o telespectador na “temporada final”. As maldades de Álvaro (Irandhir Santos) se aglutinaram com o “desespero” de Thelma. Os personagens ao redor foram vítimas das maldades impostas pela dupla. Mortes, assassinatos, agressões físicas e doenças graves em sequência. Para dar um desfecho à obra, diante das limitações nas gravações, Manuela Dias pesou a mão.
Excesso de sofrimento: Algumas histórias poderiam ter sido omitidas nesta retomada, como o surgimento da mãe biológica de Tiago (Pedro Guilherme Rodrigues). Ficou raso e superficial o embate com a mãe adotiva Vitória (Tais Araújo) pela guarda do filho. A questão da violência doméstica sofrida por Edilene (Beatrice Sayd) é outro ponto controverso. Isso gerou cenas desconfortáveis, como a permissão da entrada do agressor no carro da advogada renomada em pleno trânsito. Enredo mal trabalhado. Há ainda o caso da mãe de Vitória, Vera Amorim (Eliane Giardini), com câncer. História desnecessária no conjunto da obra.
Visual de Danilo (Chay Suede): Danilo ressurgiu com a aparência de galã na temporada final. Deixou os óculos de lado. Tirou a barba. Ostentava tatuagens. Visual que não ornou com as características do personagem.
Pandemia: com a interrupção da novela, diante da eclosão do novo Coronavírus, a autora Manuela Dias e seus colaboradores Mariana Mesquita, Roberto Vitorino e Walter Daguerre enfrentaram um enorme desafio para a “temporada final”. A equipe teve que condensar histórias em pouco mais de 20 capítulos. Diante de tal fato, muitos personagens foram sacrificados na retomada, como Davi Moretti (Vladimir Brichta), Erica (Nanda Costa), Ryan (Thiago Martins), Marina (Erika Januza), Betina (Isis Valverde) e Durval (Enrique Diaz).
MENSAGEM FINAL
É válido salientar o esforço de toda a equipe de autores, direção e produção para encerrar a novela com dignidade em um momento tão difícil para o setor de entretenimento do nosso País.
Fabio Maksymczuk