A novela “Terra e Paixão” decepciona nos índices de audiência. A novela das nove da TV Globo, assinada por Walcyr Carrasco, fica na casa dos 26 pontos de média. Em algumas oportunidades, a produção até mesmo derruba a emissora no Kantar Ibope, após perder índices do “Jornal Nacional”.
Já tínhamos sinalizado as dificuldades que a trama encontraria, logo na semana de estreia. Passados mais alguns capítulos, alguns pontos precisam ser levantados para compreender o fenômeno na faixa horária mais nobre da TV brasileira.
Cauã Reymond, que vive o protagonista Caio, é um dos pontos negativos de “Terra e Paixão”. Nitidamente, o perfil do ator não se encaixou no personagem que teria o acolhimento do público por ser o rejeitado da família La Selva. Ficou apenas na intenção. É o seu pior trabalho nos últimos 15 anos. O sotaque interiorano fortalece o ar artificial de sua interpretação. Reymond não convence sendo um produtor rural no interior do Mato Grosso do Sul. Não ocorreu uma desconstrução de sua persona para viver esse desafio.
Por outro lado, Daniel, vivido por Johnny Massaro, caiu nas graças do público. O ator conseguiu passar uma identidade própria ao advogado e tirou, na composição do agora mocinho, as lembranças do seu trabalho anterior, o polêmico Giotto em “Verdades Secretas 2”.
De acordo com informações veiculadas pela imprensa, no roteiro original, Daniel morre nos próximos capítulos. O autor Walcyr Carrasco deveria modificar o rumo de sua história e desaparecer com Caio, ao invés de Daniel.
Além disso, o vilão Antonio La Selva é outro ponto negativo. O veterano Tony Ramos ainda não encontrou o tom ideal para reverberar as maldades do sórdido personagem. A gritaria é uma constante. O telespectador tem a impressão que, a qualquer momento, o latifundiário enfartará.
Por outro lado, as histórias paralelas agora começam a suavizar a trama como um todo. O DNA de Carrasco aparece no núcleo liderado por Tatá Werneck que interpreta a stripper Anely. Rainer Cadete também traz um tom de deboche à produção, como o italiano Luigi que faria um crossover com a delegada Helô (Giovanna Antonelli) em “Travessia”.
Mesmo com o mau desempenho de “Terra e Paixão”, há alguns atores que surgem como gratas surpresas na novela das nove, como Amaury Lorenzo (Ramiro) e Rafael Gualandi (Enzo).
Em “Travessia”, o roteiro mal desenvolvido surgiu como um entrave. Já em “Terra e Paixão”, o problema é a simplicidade demasiada na construção do roteiro. A faixa horária precisa de histórias mais consistentes.
Fabio Maksymczuk