Crítica: “O protocolo de Auschwitz” estreia nas principais plataformas digitais

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Ricardo Marques
Entusiasta sobre TV por assinatura e recepção via satélite. Publica sobre o mercado brasileiro, destaques da HBO e Telecine. Doutor em Estudos Literários.

Nesta quinta-feira, dia 8 de abril, estreia nas principais plataformas digitais o filme “O protocolo de Auschwitz“. A produção é baseada na obra de Alfred Wetzler (What Dante Did Not See) e tem direção de Peter Bebjak.

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A história do nazismo e de Auschwitz já foi contada diversas vezes e de formas diferentes. Como seria contar mais uma variante deste campo de concentração? Baseado em fatos reais, o filme “O protocolo de Auschwitz” focaliza a história de Freddy e Walter, dois jovens judeus eslovacos , que foram deportados para Auschwitz em 1942.

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Na produção, em 10 de abril de 1944, após um planejamento meticuloso e com a ajuda e a resiliência de seus colegas internos, eles conseguiram escapar. Os dois homens são movidos pela esperança de que suas evidências possam salvar vidas. Feridos, eles voltam pelas montanhas para a Eslováquia. Com a ajuda de estranhos pelo caminho, eles finalmente conseguem cruzar a fronteira e encontrar a resistência e a Cruz Vermelha. Eles compilam um relatório detalhado sobre o genocídio sistemático no campo. No entanto, com a propaganda nazista e ligações internacionais ainda em vigor, seu relato parece ser muito angustiante para acreditar.

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O filme é relativamente curto, tem 88 minutos de duração. A narrativa é contada a partir de dois focos: na primeira parte, o público confere os desdobramentos do desaparecimento dos dois judeus no campo de concentração; na parte final é possível acompanhar a fuga das personagens principais.

A história é apresentada ao público de modo cronológico. Os acontecimentos são divididos em dias, com alguns saltos. O diretor opta por uma estética escura e em tons pastéis nos primeiros 30 minutos de filmes. O clima apresentado é frio e sem vida e uma sala bem escura é ponto fundamental para assistir a história.

A partir do minuto 32, aproximadamente, o filme começa a ganhar alguns momentos com cores mais quentes, em tons que vão de um alaranjado ao vermelho. Estas cenas ocorrem durante a noite e mostram uma curiosa carnavalização das posições ocupadas no imaginário popular pelos nazistas e confinados.

Nestes momentos, o texto ganha força e representatividade. Ao contrário do que se espera, os nazistas não são representados de modo tão impositivos. São humanos, falhos e com fraquezas. Da mesma forma, os prisioneiros não são tão frágeis e submissos. Cientes da certeza da morte, alguns desafiam a “autoridade” e enriquecem a história.

Por volta do minuto 50, começamos a ver a fuga dos dois personagens. As cores continuam pálidas, mas ganham a luz do dia. Após atravessarem as últimas cercas de Auschwitz, o público é agraciado com uma trilha sonora. Não importa se teve ou não antes, é neste momento que a situação representada na ganha significação e isto é intensificado pela presença da música instrumental.

Nesta segunda parte do filme, o foco narrativo (o modo como a câmera capta a história) passa a experimentar com maior intensidade formatos diferentes. No início, o público já confere captações “de cabeça pra baixo”. Na parte final, o diretor joga com filmagens que simulam o ponto de vista dos protagonistas, além de adotar o foco em “câmera deitada”, causando certo desconforto intencional no público, uma sensação de estranhamento e desconfiança.

Ao final, a história volta a questionar os papéis de mocinhos e bandidos da história oficial. Os supostos heróis não são tão perfeitos, tem falhas e carregam parte da culpa em toda a tragédia causada pelo nazismo. É preciso assistir para entender a sutileza que a história é recontada e ressignificada.

Quando o filme acaba e os créditos começam a aparecer vem mais um momento de vergonha mundial para os brasileiros. O longa mostra falas da atualidade que remetem e lembram muito os discursos propagados pelos nazistas e fascistas na década de 1940. O presidente Jair Bolsonaro aparece em dois momentos distintos e constrangedores para qualquer cidadão minimamente instruído.

De modo geral, há uma boa história. O roteiro tem seus pontos altos, mas em geral é lento e cansativo. Não nos aproximamos muito dos protagonistas, eles permanecem distantes ao longo da narrativa. Os elementos visuais chamam a atenção e nos tiram do marasmo em várias cenas.

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Nesta quinta-feira, dia 8 de abril, estreia nas principais plataformas digitais o filme “O protocolo de Auschwitz“. A produção é baseada na obra de Alfred Wetzler (What Dante Did Not See) e tem direção de Peter Bebjak.

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A história do nazismo e de Auschwitz já foi contada diversas vezes e de formas diferentes. Como seria contar mais uma variante deste campo de concentração? Baseado em fatos reais, o filme “O protocolo de Auschwitz” focaliza a história de Freddy e Walter, dois jovens judeus eslovacos , que foram deportados para Auschwitz em 1942.

 

Na produção, em 10 de abril de 1944, após um planejamento meticuloso e com a ajuda e a resiliência de seus colegas internos, eles conseguiram escapar. Os dois homens são movidos pela esperança de que suas evidências possam salvar vidas. Feridos, eles voltam pelas montanhas para a Eslováquia. Com a ajuda de estranhos pelo caminho, eles finalmente conseguem cruzar a fronteira e encontrar a resistência e a Cruz Vermelha. Eles compilam um relatório detalhado sobre o genocídio sistemático no campo. No entanto, com a propaganda nazista e ligações internacionais ainda em vigor, seu relato parece ser muito angustiante para acreditar.

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O filme é relativamente curto, tem 88 minutos de duração. A narrativa é contada a partir de dois focos: na primeira parte, o público confere os desdobramentos do desaparecimento dos dois judeus no campo de concentração; na parte final é possível acompanhar a fuga das personagens principais.

A história é apresentada ao público de modo cronológico. Os acontecimentos são divididos em dias, com alguns saltos. O diretor opta por uma estética escura e em tons pastéis nos primeiros 30 minutos de filmes. O clima apresentado é frio e sem vida e uma sala bem escura é ponto fundamental para assistir a história.

A partir do minuto 32, aproximadamente, o filme começa a ganhar alguns momentos com cores mais quentes, em tons que vão de um alaranjado ao vermelho. Estas cenas ocorrem durante a noite e mostram uma curiosa carnavalização das posições ocupadas no imaginário popular pelos nazistas e confinados.

Nestes momentos, o texto ganha força e representatividade. Ao contrário do que se espera, os nazistas não são representados de modo tão impositivos. São humanos, falhos e com fraquezas. Da mesma forma, os prisioneiros não são tão frágeis e submissos. Cientes da certeza da morte, alguns desafiam a “autoridade” e enriquecem a história.

Por volta do minuto 50, começamos a ver a fuga dos dois personagens. As cores continuam pálidas, mas ganham a luz do dia. Após atravessarem as últimas cercas de Auschwitz, o público é agraciado com uma trilha sonora. Não importa se teve ou não antes, é neste momento que a situação representada na ganha significação e isto é intensificado pela presença da música instrumental.

Nesta segunda parte do filme, o foco narrativo (o modo como a câmera capta a história) passa a experimentar com maior intensidade formatos diferentes. No início, o público já confere captações “de cabeça pra baixo”. Na parte final, o diretor joga com filmagens que simulam o ponto de vista dos protagonistas, além de adotar o foco em “câmera deitada”, causando certo desconforto intencional no público, uma sensação de estranhamento e desconfiança.

Ao final, a história volta a questionar os papéis de mocinhos e bandidos da história oficial. Os supostos heróis não são tão perfeitos, tem falhas e carregam parte da culpa em toda a tragédia causada pelo nazismo. É preciso assistir para entender a sutileza que a história é recontada e ressignificada.

Quando o filme acaba e os créditos começam a aparecer vem mais um momento de vergonha mundial para os brasileiros. O longa mostra falas da atualidade que remetem e lembram muito os discursos propagados pelos nazistas e fascistas na década de 1940. O presidente Jair Bolsonaro aparece em dois momentos distintos e constrangedores para qualquer cidadão minimamente instruído.

De modo geral, há uma boa história. O roteiro tem seus pontos altos, mas em geral é lento e cansativo. Não nos aproximamos muito dos protagonistas, eles permanecem distantes ao longo da narrativa. Os elementos visuais chamam a atenção e nos tiram do marasmo em várias cenas.

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