Em 2020, com a estreia da CNN Brasil, “O Grande Debate” foi, sem dúvida, a atração que mais repercutiu entre os telespectadores da emissora. Três anos atrás, iniciou como um quadro dentro do “CNN Novo Dia”.
Agora, retornou à grade de programação diária do canal de notícias como um programa, sob comando da jornalista Luciana Barreto, no horário do almoço. Possui uma duração considerável de duas horas e meia (12h30 às 15 horas).
O primeiro segmento da atração aposta no confronto entre o ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, e o comentarista político Caio Coppolla, alinhado ao campo antipetista e próximo do ideário de Jair Bolsonaro. A experiência do ex-deputado do PT pesa no debate com o oponente.
O segundo segmento abarca mais comentaristas em uma maior variedade de pautas a serem debatidas. Do lado progressista, aparecem, com maior frequência, a advogada Gabriela Araújo e o ex-procurador de Justiça Roberto Tardelli. O campo conservador é representado, comumente, pelo ex-deputado federal Vinicius Poit e pela advogada Samantha Meyer.
Para dar um andamento mais ágil à atração, agora aparece um terceiro segmento na reta final. Um acerto. A professora Janaina Paschoal, representante dos conservadores, entra no duelo de ideias com Tardelli. Todos os três blocos são marcados por confrontos “civilizados”. Não há falta de educação entre os debatedores.
Além da entrada de Janaina, a CNN Brasil escalou Helio Beltrão para o segundo segmento. A emissora acerta na escalação dos dois comentaristas em “O Grande Debate”. Janaina e Beltrão integravam o “CNN Arena”. Proferiam seus ideários sem o contraponto necessário. Em um desses momentos, Beltrão até criticou o aumento do salário mínimo no Estado de São Paulo pelo governador Tarcisio de Freitas, já que feria o “ideário liberal”.
Agora, no Grande Debate, suas ideias são colocadas em xeque, até mesmo por Luciana Barreto, em especial sobre temas que versam sobre racismo estrutural. Neste ponto, a apresentadora precisa tomar cuidado para não extrapolar sua função de mediadora e enveredar como debatedora.
“O Grande Debate” sintetiza a sociedade polarizada com seus comentaristas. A emissora abarca diferentes pontos de vista em uma atração que valoriza a democracia. O convívio entre os diferentes é possível.
Fabio Maksymczuk
Desde quando é democracia dar voz à fascista da Janaina?
Primeiro que esses programas de “debates” são uma grande bobagem. Duas pessoas defendendo o que pensam, sem abertura para uma convergência, não leva a lugar nenhum. Aliás, nem o público aguenta muito isso, pois a audiência deste programa é traço, frequentemente. E me impressiona o colunista reclamar sobre um posicionamento mais contundente da apresentadora sobre “racismo estrutural”. Nivelar racismo, assim como qualquer outro preconceito, não é passível de debate. A crítica deveria ser o canal colocar isso em discussão.