Faz tempo que a gente sabe que o programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, é adepto de conteúdos e posturas um tanto questionáveis em alguns momentos. No entanto, nesta quinta-feira, dia 7 de novembro, a baixaria ultrapassou o limite do aceitável.
Durante o programa, o jornalista Augusto Nunes, funcionário da Jovem Pan, Record TV e Veja, agrediu fisicamente o jornalista e advogado Glenn Greenwald, do site The Intercept. A agressão foi transmitida ao vivo pelo Youtube e pelo rádio.
O ápice do estresse ocorreu após Greenwald chamar Nunes de covarde. Isso ocorreu devido aos comentários realizados pelo jornalista da Jovem Pan sobre os filhos de Greenwald com o deputado David Miranda.
“Nós temos muitas divergências políticas, eu não tenho problema nenhum em ser criticado pelo meu trabalho – eu critico ele também. Mas o que ele fez foi a coisa mais feia e suja que eu vi na minha carreira como jornalista, inclusive fazendo guerra com CIA, governo Obama, governo do Reino Unido. Ele disse que um juiz de menores deveria investigar nossos filhos e decidir se nós deveríamos perder nossos filhos. Eles deveriam voltar para o abrigo, com base nenhuma. Acusando que estamos abandonando, fazendo negligência de nossos filhos. Eu quero saber se você acredita que um juiz de menores deveria investigar nossa família com possibilidade de tirar nossos filhos de nossa casa, sem pai nem mãe, sem família nenhuma“, disse Glenn Greenwald antes de ser agredido.
Após a agressão o programa saiu do ar por 12 minutos e retornou apenas com a presença de Glenn Greenwald. “A liberdade de expressão e crítica concedida pela Jovem Pan a seus comentaristas e convidados, contudo, não se estende a nenhum tipo de ofensas e agressões. A empresa repudia com veemência esses comportamentos’“, afirmou a Jovem Pan em comunicado.
O jornalista fundador do The Intercept recebeu o Prêmio de Jornalismo Independente Park Center I.F. Stone em 2008. Em 2010 recebeu o Prêmio Online Journalism. Devido a suas reportas sobre a NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) recebeu o Prêmio George Polk. Em 2014 liderou a equipe do jornal The Guardian que recebeu o Prêmio Pulitzer na categoria Serviço Público.
O trabalho de Greenwald sobre Snowden virou documentário e ganhou o Oscar em 2015, considerada a maior premiação do cinema estadunidense.